domingo, 19 de outubro de 2008

Paulo Coelho acredita na durabilidade do livro

Durante o seu discurso, na abertura da Feira do Livro de Frankfurt, Paulo Coelho elogiou as possibilidades que a internet abre à literatura e pediu que as editoras não vejam os novos meios como uma ameaça, se mostrando convencido de que o livro impresso durará pelo menos mais mil anos.

O escritor contou suas experiências na web e também comparou as repercussões da revolução digital com a da época na qual Gutenberg, que inventou os tipos móveis, que deram um grande impulso à imprensa."Nós devemos à nova técnica de impressão o fato de tornar possível a troca de idéias e refazer o mundo de acordo com estas idéias", declarou o autor de "A bruxa de Portobello" lembrando a invenção de Gutenberg.

Paulo Coelho vê a evolução dos últimos dez anos - com o surgimento da internet e de novas plataformas para a difusão de idéias - como uma radicalização do processo de "democratização das idéias" iniciado por Gutenberg. "Pouco a pouco as pessoas tomam consciência de que podem divulgar o que quiserem na rede, onde todos podem ver, e que são seus próprios diretores de programa", declarou. Na internet "as pessoas trocam sem custos tudo aquilo que é importante para elas e esperam que isto também seja possível com os produtos de comunicação de massa", o que é crucial para as indústrias relacionadas ao mundo da cultura.

O setor editorial parece, segundo Coelho, mais "protegido" da internet do que a indústria da música ou a indústria cinematográfica, e isto se deve em boa parte à evolução tecnológica, que traz mais vantagens do que outros meios.

Entre outras, a internet é um meio que tem a ver com a leitura e a escrita, e isto fez as editoras registrarem com alegria um renascimento da comunicação e a expressão escrita nos anos 1990. No entanto, Paulo Coelho afirma que, até o momento, a atitude do sector industrial frente à internet tem muita incompreensão e falta de acordo. "Lamentam a 'desgraça' de outros setores e vêem a internet como um inimigo. No século XVI, os monges que copiavam seus pergaminhos provavelmente tiveram a mesma atitude ante os livros impressos", declarou. Para o escritor, a internet é, antes de tudo, uma possibilidade de difusão e um caminho para aumentar o número das pessoas que não lêem os textos apenas pela internet, mas que acabam, cedo ou tarde, recorrendo ao livro impresso.

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